Cai o dia, estende-se a noite,
quase a findar mais um ano;
eu olho-me ao espelho,
envolto em fadigas, canseiras,
de tantas e absurdas frustrações;
não vislumbro sinais de olheiras,
pois só vejo sombras, as velhas desilusões.
Acreditava não ver ali ninguém,
ou talvez quisesse não ter alguém
do outro lado do meu espelho...
Mas quem vejo eu ?
Alguém que me perscruta,
de rosto tão perplexo,
mas assaz sério, sisudo;
pálpebras lisas, fontes sem rugas,
aquelas erguidas em contemplação
sobre uns olhos esbugalhados,
espantados e muito incrédulos!
E que vê este rosto de infante,
configurado por certo em Ano Novo?
Do lado de cá do meu espelho
acredito que veja a resignação,
mas acima de tudo o combate e a esperança;
porventura a visão do Ano Velho
porque apenas termina mais um ano,
de soberba luta pela igualdade,
e pela premente difusão do amor e da justiça,
mantendo-se na vanguarda
para um dia atingir seus sonhos de Criança!
( António Luíz , 31-Dezembro-2008)
Apesar da fadiga no momento da confecção deste pequeno poema,
espero que gostem. Aproveito esta oportunidade para desejar as maiores Venturas
e óptima Saúde para 2009.
Saudações poéticas .
1 comentário:
Gostei muito do seu poema António, porque remete precisamente para os balanços internos que, penso que todos acabamos por fazer.
Conferir no rosto as marcas de um ano que passou. As linhas que persistem desde sempre a traçar um desenho desde a infância e as linhas que aparecem, testemunhas mais da vida que do tempo. Faz-me pensar também no "Retrato de Dorian Gray" e de como a nossa vida esculpe a nossa face. Obrigada pelo poema. Desejo-lhe um ano muito bom cheio de vida a acrescentar novos reflexos no espelho.
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