domingo, 23 de novembro de 2008

Eu quero…o meu amor não tem

Nunca são as coisas mais simples que aparecem
no interior do meu peito
São sempre linhas que a ti me tecem
recusando o que é desfeito

Mas, hoje acordei cheia de sede e de
importância nenhuma
E vi o amor embater numa parede e
esbater-se em espuma

Até a voz do mar se torna exílio
E o tom mais afinado asfixia
Se surdos aos apelos de auxílio
Somos nós-a-sós, dia-a-dia

Mas, hoje acordei cheia de sede e de
estranhas vontades
E vi o amor num mortal sem rede
Partir em meias-verdades

O meu olhar é nítido como um girassol
E a luz que nos rodeia é como grades
(Cá dentro querido, sinto muito, mas ainda
ainda sinto o sol de outras tardes)

Por isso, hoje acordei cheia de sede e de
vontade de correr
Porque o meu amor já não tem
Tempo a perder

4 comentários:

josé ferreira disse...

É um poema de amor e desejo muito bem conseguido. gosto da repetição como marcação de ritmo no teu poema
"hoje acordei cheia de sede e de...", á um "crecendo" até à corrida final, fuga em "Dó maior"!
esqueci-me completamente dos versos pedidos, o teu poema tem alma própria!
Parabéns!

josé ferreira disse...

No meu comentário falhou a tecla e o "agá", mas ficou o acento...vá lá!
Mil perdões!

Joana Espain disse...

Que poema bonito. Os versos não se engasgam, cantam, todos fazem sentido e encaixam, para mim, numa imagem 'E vi o amor embater numa parede e esbater-se em espuma', como se fosse o resultado de uma onda que viajou no mar e agora se desfaz na praia. Gostei mesmo muito do poema.

Ana Luísa Amaral disse...

Excelente a musicalidade e o ritmo, Marlene! Também imagens novas como "Hoje acordei cheia de sede / e de estranhas vontades". Gostei imenso