Nunca são as coisas mais simples que aparecem
no interior do meu peito
São sempre linhas que a ti me tecem
recusando o que é desfeito
Mas, hoje acordei cheia de sede e de
importância nenhuma
E vi o amor embater numa parede e
esbater-se em espuma
Até a voz do mar se torna exílio
E o tom mais afinado asfixia
Se surdos aos apelos de auxílio
Somos nós-a-sós, dia-a-dia
Mas, hoje acordei cheia de sede e de
estranhas vontades
E vi o amor num mortal sem rede
Partir em meias-verdades
O meu olhar é nítido como um girassol
E a luz que nos rodeia é como grades
(Cá dentro querido, sinto muito, mas ainda
ainda sinto o sol de outras tardes)
Por isso, hoje acordei cheia de sede e de
vontade de correr
Porque o meu amor já não tem
Tempo a perder
4 comentários:
É um poema de amor e desejo muito bem conseguido. gosto da repetição como marcação de ritmo no teu poema
"hoje acordei cheia de sede e de...", á um "crecendo" até à corrida final, fuga em "Dó maior"!
esqueci-me completamente dos versos pedidos, o teu poema tem alma própria!
Parabéns!
No meu comentário falhou a tecla e o "agá", mas ficou o acento...vá lá!
Mil perdões!
Que poema bonito. Os versos não se engasgam, cantam, todos fazem sentido e encaixam, para mim, numa imagem 'E vi o amor embater numa parede e esbater-se em espuma', como se fosse o resultado de uma onda que viajou no mar e agora se desfaz na praia. Gostei mesmo muito do poema.
Excelente a musicalidade e o ritmo, Marlene! Também imagens novas como "Hoje acordei cheia de sede / e de estranhas vontades". Gostei imenso
Enviar um comentário