terça-feira, 21 de outubro de 2008

Excreção de um mundo líquido.

Excreção de um mundo líquido.
Somos apenas o que fica depois da escorra.
Matéria senil
Massa decomposta
Expulsa pela contracção
de um ventre higiénico.
Um grito doloroso
solta-se
das entranhas revoltas
numa reacção contra-luz.
E uma atracção fatal surge
por uma gota de água
escorrendo dum espaço aberto
capaz de abeberar a angústia
dum corpo
quase dilacerado.

1 comentário:

liliana disse...

Gosto da frieza higiénica do poema, que desmascara a fragilidade do corpo, o ciclo da morte e da vida, do prazer e do desprazer que nos leva até ao desconforto do vazio e do despojamento, do ser e do não ser.