sabes lá
ontem ali em s.bento
andava eu descalça pela estação
vi uma patela e meto-lha a pata
e assim que me curvo, a olhar para o chão
uma cega mete-me a bengala no joanete
e ai meu amor, que dor!
dez pulos a pé coxinho
e lá me sentei num banquinho
e sabes lá, meu amor
a patela nem era chocolate
aquilo era uma sola de borracha
fiquei ali sentada
e o tipo gordo da cicatriz,
o da tatuagem, esquisito
mete conversa:
Englise? Francé?
Dancé?
indeu indo eu
a caminho debeseu
indeu indo eu
a caminho debeseu
e antes do: ai jesus que lá vou eu
lavanta-se, dá duas voltas
e cai morto
e vem a policia
pergunta o que foi
e que eu não posso andar descalça
e eu digo que é do joanete
e levo um raspanete
e raspo-me dali
e vou a subir a 31
vem o gajo dos relógios:
Chocolate? Chocolate?
E comprei
desculpa amor
depois do azar, não pensei...
e tinha o pé a doer
devolvo-te os 20 p´ra semana
a sério!
o gajo já não me engana
2 comentários:
Ana,
quando lemos, parece que estamos a ver, e depois ligamos na ironia presente nas palavras, surpresos entre o real e o inusitado. saliento "e vou a subir a 31/vem o gajo dos relógios/Chocolate?Chocolate?/ e comprei"
tens uma forma especial, engraçada e mordaz de trabalhar as palavras e as imagens. Obrigada Ana
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