I
É uma porta de ferro
Alta, larga, densa – Não se lhe conhece o fim.
O bando já foi
As andorinhas nasceram para rasgar o céu
Voou, mais uma vez, de uma investida,
Conforme lhe ditava o coração
A porta não se abriu.
Como num bailado, duas piruetas
Uma andorinha no chão, duas asas partidas
- Éeee – Um eco – Dois miúdos jogavam à bola
- Iuiui – Passou o amolador das facas
- Pic pic pic – As primeiras gotas batem no vidro
Entra o cheiro da terra molhada
E começou a chover
- Que as andorinhas não choram.
Primavera Verão Outono Inverno
II
- Então não estamos aqui? – Perguntou ele.
- O corpo sim – Disse ela nua – Mas, tu não abriste a porta. E eu estou morta.
No palco também chovia
Sobre o olhar atento de Pina
E a rapariga de branco
Dançava como andorinha e gritava
- Eu sou jovem!
Primavera Verão Outono Inverno
3 comentários:
Há muito tempo que não chovia por aqui, mas bem ou mal choveu e Elza está feliz :) Beijinhos e venha o sol. Já há tema para o próximo? Esperando que os elementos que se perderam da caravana tenham chegado bem, mais tarde, aos Cotovelos diversos da cidade.
Olá Elza
um poema a dois tempos, a dois espaços pelo meio de um bailado de Pina Bausch(?) donde retiro, entre o que é dito e o que resta escondido, que "as andorinhas nasceram para rasgar o céu" e que se porventura a chuva "as andorinhas não choram" investem de asas abertas e dançam como a rapariga que grita no palco e na vida "Primavera Verão Outono Inverno". gostei muito.
Elza,
Muito obrigado, antes de mais, pela boleia de ida. O cotovelo estava no sítio, assim como as imediações do lugar. À vinda, viemos com a amabilidade do José Almeida, a quem agradeço também.
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