junto à esquina do postigo,
quem vem a descer as escadas do sobrado.
uma aranha enorme.
acto contínuo tirei o sapato e
esborrachei-a.
o bicho estava grávido
e um enxame de miniaturas de cabecinhas
com patas a mais
desceu a parede até ao soalho -
vagarosamente.
segui-o com o olhar
que se me foi encharcando de lágrimas
com sabor a pó e a culpa.
tu vieste saber de mim.
deste-me colo para eu chorar a vergonha
e perdoaste-me no fim.
raquel patriarca
vinte.julho.doismiledez
2 comentários:
Olá Raquel
Estava a ler e parecia que te ouvia a dizer o poema,
poema de coisas tão importantes.
Abraço apertado
anabela brasinha
Olá Raquel
concordo com a Anabela, escuta-se a voz, a tua voz em muitas partes do poema. "desceu a parede até ao soalho - vagarosamente" ( este advérbio mais lento na leitura) e ganhando emoção e mais velocidade "segui-o com o olhar/ que se me foi encharcando de lágrimas"(as mãos sobem até aos olhos) " com sabor a pó e culpa." (ainda em voz emotiva) e depois partimos para o gran finale. é um privilégio que temos, ao saber a quem pertence o poema e conseguir ouvi-lo. gostei muito.
Abraço
José
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