terça-feira, 30 de novembro de 2010
Um dia de sol
Van Gogh "ceifeiro no trigal quando o sol nasce" 1889
Eu amo as coisas que as crianças amam,
Mas em compreensão funda, acrescida,
Que eleva a minha alma, de anelante,
Sobre aqueles onde inda dorme a vida
Tudo o que é simples e é brilhante,
Despercebido à mais aguda mente,
Com infantil e natural prazer
Faz-me chorar, orgulhosamente.
Eu amo o sol com o seu brilho intenso,
O ar, como se pudesse abraçar
Com minha alma sua vastidão,
Embriagado de tanto o olhar.
E amo os céus com tal alegria
Que me faz de minha alma admirar,
Uma alegria que nada detém,
Uma emoção que não sei controlar.
Aqui estendido deixem-me ficar
Diante do sol, da luz absorvida,
E em glória deixem-me morrer
Bebendo fundo da taça da vida;
Absorvido no sol e espalhado
Por sobre o infinito firmamento
Como gotas de orvalho, dissolvido,
Perdido num louco arrebatamento;
Misturado em fusão com toda a vida,
Perdido em consciência, impessoal,
Fico parte da força e da tensão,
Pertença duma pátria universal;
E, de modo estranho e indefinido,
Perdidos no Todo, um só vivente,
Essa prisão a que eu chamo a alma
E esse limite a que chamo mente.
Alexander Search 1908
In Poesia , Assírio & Alvim , edição e tradução de Luisa Freire, 1999
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário