Antes de publicar o próximo poema, quero apenas partilhar uma pequena coisa convosco: o meu poema "Dying Mannequin" foi finalista, com direito a menção honrosa, do prémio internacional OFF FLIP 2010.
Devo ainda um agradecimento especial à Ana Luísa Amaral. Porque na altura em que escolhi o poema para o concurso, lembrei-me da crítica espontânea e favorável que dele ela fez. Obrigado Ana Luísa.
O meu casaco de imposições biológicas está gasto
nos sítios onde o corpo oferece resistência ao tempo
e há um maior número de glândulas sudoríferas.
Chego a casa, dispo o casaco, e permaneço
com o casaco vestido.
A noite é uma ponte em ruínas.
A lua, um holofote de ideias fixas.
Ao longe vêem-se os cabos de sustentação
da inércia.
É inútil eleger alguma hora melhor
que nos proteja.
A minha vida é permanecer
auscultado por essa fantasmagoria.
Com ou sem casaco,
especializei-me em permanecer.
Permanecer com as metástases do meu casaco,
como as metástases do meu casaco
permanecem em mim, mesmo quando o dispo,
contemplando uma ponte em ruínas
e exercendo aí a minha permanência
o melhor que posso e sei,
24 horas por dia.
Há sempre um casaco a cobrir as costas
demasiadamente expostas da permanência.
Pêlos, ainda que pálidos e breves,
na pele postergada dos mamíferos.
E o invisível gesto de alguém que se apressa
lentamente a aconchegar-te ao primitivo,
com as mãos sujas de desdém
e a tecnologia do contacto indestrutível.
3 comentários:
Parabéns André! É um excelente poema e a distinção da tua poesia é totalmente merecida! Concerteza será um de muitos!
querido André, es um orgulho para todos. e uma inspiração também. parabéns outra vez!
Ainda não conheço pessoalmente o André! Mas não posso deixar de dar os parabéns pela excelente poesia, que nos acalenta e enternece ( " a tecnologia do contacto indestrutível"). Que mais precisamos para viver e poetisar?!...Abraço amigo de Antonio (Luíz)
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