domingo, 25 de outubro de 2009

Que fizeste?

Sombra de sangue
Sangue no chão
Colo de morte
Morte na mão
Ventre de vento
Lento. Por dentro
Sete vezes.

Que fizeste?

Inês e Ana Lúcia

2 comentários:

josé ferreira disse...

Inês e Ana Lúcia gostei muito da vossa forma de abordar este desafio nomeadamente o cair da palavra final de cada verso para o verso seguinte "sangue" "sangue", "morte"
"morte". a sonoridade do ventre, lento, dentro também me soou perfeita. O suspenso "sete vezes" e a acusação que de seguida soa como a perseguição perpétua "Que fizeste?" é o "granfinal". devo acrescentar que só posso escrever este comentário porque sei que se trata de "Caim e Abel" porque no vosso poema não há qualquer referência a cada um deles e como tal quem não estivesse alertado provavelmente vê-lo-ia como um som bom enigmático.
Parabéns

Ana Luísa Amaral disse...

Pois é, José, se não soubéssemos que era Caim e Abel... continuaria a ser um poema sobre o poder e o remorso, penso eu. Em registo político. Gostei bastante -- sobretudo da surpresa do final, que suspende o embalo dos outros versos e o rompe.