Numa praia em vez de sal
Rebentam ondas de doçura
Molho os pés nesse areal
Bebo aos molhos a ternura
Sobre ti as mãos percorrem
A seda do teu calor
Dás-me sede só do beijo
Tua pele, meu cobertor
Sobre as dunas desse dia
Deito o beijo adormecido
Dói-me a tua sombra fria
De desejo acontecido
Invoco então os teus dedos
Alados de borboletas
Que desvendam os segredos
Das passagens mais secretas
Numa onda deste mar
Cinges os braços em remos
Para me veres naufragar
No abraço que fizemos
4 comentários:
Marlene, que bom encontrar nos teus poemas, todos, essa melodia que tocas com tanta naturalidade que até arrepia. Gostei de naufragar através destes teus versos. Senti a praia, as dunas, o sol quente do beijo, o frio da sombra do abandono. Gostei imenso do final 'Numa onda deste mar/ Cinges os braços em remos/ Para me veres naufragar/ No abraço que fizemos'. Para além deste, vi que tens produzido muito, isto é, poesiado. Muito e bem ;) Parabéns e continua! Queremos ler mais!
Querida Elza,
Que alegria ter-te de volta. E tu tens produzido, quer dizer, poesiado muito? Sinto (sentimos) falta da tua poesia e dos teus comentários certeiros.
Lembra-te que uma vez poeta és poeta para sempre.
Beijinhos
Marlene um belo passeio de pés descalços no areal.
"cinges os braços em remos"
Gostei muito da suave harmonia e dessa aragem de passagens salinas"
Parabéns!
Nada melhor que um abraço amoroso, apaixonado, seja doce ou mesmo salgado, para fazer naufragar em nós toda a turbulência, cansaço, intolerância, ou crispação. Quanta ternura e amistosidade em "cinges teus braços em remos"; é como imaginar remos feitos braços envolvendo a cintura ou o pescoço do seu/sua amado(a)!... Muito lindo. Parabéns Marlene.
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