domingo, 18 de janeiro de 2009

O amor partiu(-se)

Vejo-te partir e fecho-te a mala
O que fazer, se ao partires
Partes parte de mim?
Cacos fazes da casca dura que aqui vês
Sem que vejas que ainda dura
O que sinto por ti

E o que fazer?
Ao sentido do sentir, onde o levar?
Debaixo de que tapete varrer?
O pouco, mas pó que aqui fica
Do que não chegamos a ser

Para onde enviar?
O afecto que ficou
Por afinar ainda
Exporta-lo para a Sibéria
Num voo low-cost só ida?

Sem volta, estás de saída
E eu sem eira e com revolta
Te (im) peço que vás
E que (te) voltes
Para me veres ainda à soleira da espera

Não desesperes, que não consinto
Por não te ter já, quase nem sinto
Já não te quero mais deter
Vai, sai e faz-me um favor
Bate a esperança com força
E leva contigo o amor.

1 comentário:

josé ferreira disse...

Marlene lidas bem com as emoções e elas saem fluídas, como se estivessem ali ao lado nos personagens que trazem balões de banda desenhada que nos transmite o sentimento real nos acordes do poema.
Gostei muito " afecto que ficou por afinar" da revolta e da dúvida no personagem textual e do final com o bater da porta entreaberta


Bjo.