“a medo vivo, a medo escrevo e falo”
António Ferreira, 1528-1569
António Ferreira, 1528-1569
E se é
verdade o que dizem
sobre o amor não ser eterno.
É devolver o que se sente
ou se pensa que sente,
já sem certeza de nada,
e guardar apenas a memória
de um mundo enganado de
sobre o amor não ser eterno.
É devolver o que se sente
ou se pensa que sente,
já sem certeza de nada,
e guardar apenas a memória
de um mundo enganado de
perfeições inventadas.
E aquele a quem se ama,
E aquele a quem se ama,
composição de
conceitos
próprios,
torna-se entidade livre
de à força ser
imagem e significado
de quem
precisa de o amar.
E se é
verdade que o amor não é eterno.
Pouco importa,
que hei-de
manter as perfeições inventadas
por teimosia de
vontade,
que não escondo nem calo.
Mas entretanto,
a medo escrevo, a medo vivo e falo.
que não escondo nem calo.
Mas entretanto,
a medo escrevo, a medo vivo e falo.
Raquel Patriarca
dezasseis.dezembro.doismileoito
1 comentário:
Raquel é um poema de interrogações e dilemas no qual gosto imenso da conclusão baseada na repetição:
"Vence o meu amor
nem que seja pela vontade teimosa da minha vontade/ vontade de ti/ que não esqueço não escondo não calo ( eu tirava o "a" no terceiro verso e as vírgulas nesta estrofe e na estrofe final o que acho que já é influência da Ana Luísa).
GOstei muito. Parabéns!
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