sábado, 15 de novembro de 2008

A fotografia

Tem os cantos em serrilha
e em nada transparece
o momento distante
na fotografia!

Uma gota baça espanta o brilho.
Não se adivinha o instante
que desvia, esconde,
a límpida história além,
agora na ponta dos dedos,
cinco palmos do olhar,
parado, ausente,
naquela fotografia!

O sorriso de sincronia
no fumo do disparo,
no nariz de fole,
não revela
o desfazer precedente...
nem sequer o chapéu alto
atràs do símio,
pequeno, irrequieto,
que sempre acompanha
as máquinas de outros dias!

Vira-se, revira-se,
rodam-se os cantos,
procura-se...
um número apenas,
a cartolina dura, sépia,
da velha fotografia!

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