Nessa noite em que tudo foi surpresa,
em mim pressenti decerto algo estranho,
que me acercava o cuidar, dom tamanho,
que tão cego me buscava em gentileza.
Mal seguro no entanto à incerteza,
não deixei em vão teu afável olhar,
e a ele fui guiado a me entregar,
não esquecendo deles nunca tal beleza!
O que ora por ti sinto só eu sei,
danados sejam quantos me invejarem
pois deles jamais saber desejarei.
Como em mim existe a alma d' um humano,
não temas Lena minha o abandono,
nem desta frágil vida qualquer dano!
(Soneto de amor, Luanda 1965; in "Eu e o Silêncio" , 2008
2ª reedição, Edições ECOPY )
2 comentários:
Gosto sempre de poemas de amor. parabens pelos poemas
Mais um bonito poema, o que não me surpreendeu!
Inveja teria havido, decerto, pela Lena, pela paixão que viviam, sob o olhar quente e atrevido das acácias em flor e também pelo talento, por essa chama mágica que só arde e brilha, no coração de alguns! Dos poetas! E, o António é poeta!
M.C.
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