sábado, 14 de abril de 2012
le velo du Printemps
Robert Doisneau "le velo du Printemps", 1948
a fotografia de um par, de tonalidades e não de cor
completa-se no olhar
escreve-se de símbolos na presença da velo
e lembra a mais antiga e mais conhecida de Doisneau –
seria muito opressivo se fosse directo e sem delicadeza, falar-te dela
a objectiva sobre o beijo no fim da guerra
falo antes da bicicleta e de um lugar muito diferente
nem sequer Paris, nem sequer o jardim das Tulherias
nem sequer Versalhes e uma Fête de Nuit com trajes de época –
o lugar pouco interessa; as pedras, as casas sem graça
um muro de argamassa, o presumível zinco de uma chapa –
apenas o sorriso marca, a mão apoiada na terra
o modelo de linhas e quadrados
o paralelismo de duas almas –
nos termos de um especialista, a fotografia
une características de gelatina e prata
uma probabilidade de morangos e de brilhos brancos
de espelhos e de mil palavras –
surpreende acreditarmos tanto na consequência e na continuidade
a transição de um primeiro passo –
naquele sorriso que marca
a falta de gesto e o encontro dos braços
é uma onda atrasada
na mão fechada
na vasta possibilidade –
a velo um símbolo
sabe tudo mas não diz nada –
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2 comentários:
A fotografia, "bem mais que o tempo" nos faz presentes instantâneamente, onde nunca estivemos.
Linda escolha de fotografia e maravilhoso poema que a acompanha...
bom final de semana!
Bjs, Carol
gostei muito deste seu poema...
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