domingo, 12 de fevereiro de 2012

entra pela janela o anjo camponês - um poema de Carlos Oliveira


Charles Curran

Entra pela janela
o anjo camponês;
com a terceira luz na mão;
minucioso, habituado
aos interiores de cereal,
aos utensílios
que dormem na fuligem;
os seus olhos rurais
não compreendem bem os símbolos
desta colheita: hélices,
motores furiosos;
e estende mais o braço; planta
no ar, como uma árvore,
a chama do candeeiro.


Carlos de Oliveira In Entre Duas Memórias

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