segunda-feira, 11 de julho de 2011

De um poema de Pablo Neruda - O homem invisível




...e olho as estrelas
deito-me na erva, passa
um insecto cor de violino
ponho o braço
num pequeno seio
ou sob a cintura
da doce mulher que amo,
e olho o veludo
duro
da noite que treme
com as suas constelações congeladas,
então
sinto que sobe à minha alma
a onda dos mistérios,
a infância,
o choro às escondidas,
a adolescência triste,
e dá-me o sono,
e adormeço
como uma macieira,
fico a dormir um instante
com as estrelas ou sem as estrelas,
ou com a amada ou sem ela,
e quando me levanto
foi-se a noite,
e a rua despertou antes de mim...

em Poesia do séc XX Pablo Neruda Trad. Fernando Assis Pacheco "Antologia Breve" Dom Quixote, Lisboa 1977

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