Desta vez nem olhou para mim
dançava na roda
e o pescoço marcava o transe
havia Índios à volta
em sons de línguas verdes
nus da pele dela
e havia outros
autistas gelados
em danças de caça
sem pele
uma mão estava fria e a outra era inutilmente quente
e rodavam
à volta de quê - consegues ver
e lambia a mão fria
pelo fumo via-lhe os olhos
algas penduradas que arrastavam
o peso de toda a água do mundo
são iguais - dizia pelos dedos
Índios de gelo
e outros de magma que escorre
sempre envergonhado
queria avisá-la devagar
que era a luz de uma só perna
e milhões de braços dados
e o frio de dedos
não mortos mas de medos
sabia de hoje
de algas leves virtuais
e amores a monitores
gelados
e ouvia entre tambores
- nunca houve outros
1 comentário:
Joana neste teu poema há uma mística ,um ambiente invulgar, uma dança incompleta de quente e frio, solitária.
"algas penduradas que arrastavam /o peso de toda a água do mundo" "índios de gelo" "e ouvia entre tambores
-nunca houve outros" uma dança imaginária que por fim colapsa".
gostei muito!
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