segunda-feira, 28 de junho de 2010

o mesmo início uma outra direcção


Robert Doisneau


verde e água no refúgio de um bosque.
crescem os juncos e erguem-se as rãs
muitas, num tempo quase mínimo.

recôndito lugar, símbolo de paz, silêncio de uma luz
pousada sobre um pinheiro a escoar, a encadear
em reflexos, as suavidades de sombra de um chapéu claro.

sente-se o piano, um som portátil de sonata kreutzer.
um violino que acompanha os versos fundos de Pessoa.
grande pessoa. vivia na arqueologia do sentimento;
um erudito da alma.

uma casa de ar no alto de nada.
um adro onde se salva um violoncelo, onde se dança
abraçando uma gota de água, um toque fresco
de neblina, uma música de asas que predomina.
onde se sente o voo e a dança.

mas no meio do bosque ou no cimo da montanha
dói-me o fumo fosco da cidade a sua toxicidade.

sinto-me melhor mas não descanso. não descanso -

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