quarta-feira, 12 de maio de 2010

a lente do cérebro




a lente sem razão de um cérebro incómodo
revela uma lava que desce e solda os pés
num campo onde só searas sentem companhia.
não possui a leveza, a resiliência, a inclinação
as campânulas que seguram o vento .

rolhas de cortiça selam os ruídos
impedem os rumos de circulação
no céu passam as cinzas e uma chuva fina.
o retículo de redes que apanham borboletas
são macios fios de um espaço parado
um rio seguro na muralha da barragem
ganhando a torrente, a força larga de margem
a catadupa de energia fulminante, a faísca.


o corpo é um barco fraco de pescador
a tinta separa e clareia um castanho beige
infiltrado de humidade. sobressaem
as mãos, os remos inertes e lassos
e um mar em ressaltos de ondas
imenso e aberto
imenso e aberto
imenso e aberto -

1 comentário:

Joana Espain disse...

Este texto está num registo que adoro José. É como se as palavras lhe tivessem saído a arder desta vez. Acho muito bom.