segunda-feira, 26 de abril de 2010
Dying Mannequin
Tens quilómetros de vida debaixo do vestido
restos de documentos históricos célebres
praças chumbadas a geometria descritiva
e ainda assim nódoas negras belíssimas
lesões que dão flor na primeira primavera
de cada mês
rotundas iluminadas por minúsculas intempéries
a circulação condicionada nas artérias
de maior afluência e imperícia.
Tens, em certa medida, um apartamento
com vistas para a intermitência de riscos
e promessas de enciclopédia na pele
onde a vastidão e as areias convencem
e os olhos repetem estranhas litografias:
uma caixinha consagrada à convergência
de um homem melhor no seu mistério
a noite, como uma jóia irrequieta qualquer
dentro da caixinha
e principalmente um pedaço de juventude
acrítica e leve
posta à prova num livro entreaberto
censurado pelo vento e lido pela líbido
e os direitos autorais do teu suor
agora sou eu que os protejo e incito.
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5 comentários:
Olá André
muitas metáforas em muitos versos que gostei. saliento estes:
"praças chumbadas a geometria descritiva" "rotundas iluminadas por minúsculas intempéries" "lesões que dão flor na primeira primavera de cada mês".
Abraço
Obrigado José. Forte Abraço.
Olá André,
Apreciei os versos,
e vou também salientar alguns, e espero que não te importes se os troco,
"posta à prova num livro entreaberto"
como se quisessem que fizesse história?
"censurada pelo vento e lido pela líbido"
"agora sou eu que os protejo e insito"
os direitos a quem se disse "tens quilómetros de vida debaixo do vestido"
Abraço
Olá André
Gostei muito deste poema, "os olhos repetem estranhas litografias", a mulher como arte, como fragilidade, como desejo, como vida e como dor.
Anabela:
Tu fazes o que bem entenderes com os meus versos...ok? o leitor tem sempre esse privilégio, o autor só de vez em quando. lol
Obrigado pela leitura.
Liliana:
Oportuna essa tua descrição (deverei dizê-lo?) psicanalítica.
Tudo é paradoxal por detrás de um vestido. Aquilo que se adivinha está de facto carregado de arte, fragilidade e suspeição, desejo sempre e sem dor não há desejo.
Obrigado.
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