sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Wave
Vou contar-te das estrelas
Belas e únicas nos espaços do céu.
Esquecer o vazio da calçada
Tão sólida, linear, indiferente.
Saudade da casa das rosas
Essa nuvem de aroma
Que juntava à imperfeição do rosto,
O meu rosto, à maresia, o mar sereno
Onde te via subir, descer, aparecer
De algas presas
Como tatuagens.
O olhar perfeito.
Por isso vou contar-te das estrelas
No ar de dez mil metros
De corpo leve, tão leve…
Ao longe os pormenores
De cada árvore, de cada ave
De cada braço de um rio
A clareira de um prado
Os jardins intensos, uma cabana
O paraíso, enquanto desço.
Vou contar-te das estrelas
Esquecer os anos de sombras
E de silêncios
Sentado numa voz quente
Que soa de sonhos
E se sonho, se sonho
Não quero que pare
Que tropece ou caia
Antes que embale
E eu prometo que só lembro
Das estrelas, enquanto desço.
Vou contar-te dos alpendres
Dos vidros das janelas
Das superfícies transparentes
E também dos verdes bosques
Descobrir nas penumbras claridades
O que escondem os chapéus dos cogumelos
Num entrançado de linhas, protegidas.
Vaguear a luz rectilínea dos arbustos
Em Novembro.
Vou contar-te das cegonhas e dos ninhos
No cimo dos postes, em recorte.
Do borbulejar das nascentes
A fonte próxima, a suavidade
De um mar. E sei que haverá
Uma túnica comprida, branca
Uma asa de cada lado.
E sei que haverá
Em cada um dos nossos passos
Um anjo de dois lugares.
Vou contar-te das estrelas
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
José , que delícia! Ouvir o Jobim com este poema, tudo a esvoaçar, ai fiquei a voar de 'túnica branca no ar de mil metros' entre as estrelas de me contaram! Muito obrigada pelo momento. E agora que o poema acabou. E agora José?:)
Enviar um comentário