solta-se a fera
na arena da vida
o círculo do circo
começa ao nascer
a pele derrete
perde identidade
ao ser violada
com o ferro em fogo
estigma como amante
no escuro de cada sol posto
brilham os fios de prata
automatizam os movimentos
rebanhos humanos
sem pensar
fantoches manipulados
sem querer
tão pouco de ti
quase nada de ti
debaixo de comando
sempre
controlado por dentro
em hierarquias patentes
fiel depósito
de corvos negros em ferida
de pesadelos
de medos
impulso dado pelo estribo
entram na jaula
e brilham os fios de ouro
esvoaçam querendo fugir
mas tu fechaste-os
dentro de ti
vestindo-os como uma pele
nos teus olhos fundos
já não há alma
globos brancos sem menina
és besta encurralada
nas arestas da existência
és instinto
sobrevivência
o círculo fecha-se
a fera solta-se
na arena da morte
2 comentários:
Clara gostei muito. senti-me observador neste circo onde se soltam feras num "impulso dado pelo estribo", uma arena aonde se esvazia a alma da "besta" no primário o "instino". um poema bem forte ao ritmo alucinante. gostei de muitas estrofes e imagens que se interligam muito bem com a cena.
Bj.
Gostei muito do final, Clara. Como se se fechasse um círculo (circo) e a arena da vida fosse a arena da morte.
Enviar um comentário