E sento-me em divagações lacónicas
prostrações canónicas
e ausências de ti.
Inspiro -
e sorrio se transpiro -
se por acaso de luas
ou sintaxes do destino
se abriram outras gavetas
e em tecido
(ou meias pretas)
me surgi.
Sonhei-te algures por aí.
Amanheci.
E em sombras vãs,
horas despidas,
perdi-te as linhas de insónias
em estruturas mal cosidas.
Expiro -
e as palavras em retiro.
Se acaso não for de luas
então de uvas ou de amoras
que eu espero em curtas demoras
e cruéis morfologias.
E partias
sem conceitos ou estruturas
em versos de chuvas amenas
e tardes de luz.
Por fim deserta.
E anoiteceu na casa do poeta.
Inês Beires
5 comentários:
"Sonhei-te algures por aí... ". Fermosas palabras para agasallar. Eu soñei un día que todo ía saír ben e así está a ser, cada día son máis feliz de poder aínda soñar. Bicos :)
Se no final do "sem palavras", eis a Inês tão cheia delas, bendita inspiração. Gostei. Bj
Inês um poema de rimas, ritmos e harmonias muito bonito. Sem nunca surgir a palavra há um suspiro que se estende ao longo do poema,a rima com "inspiro", "transpiro", "expiro", e o som que surge em "ti" e segue com "surgi", "amanheci", "aí", e no meio de todas as palavras acima ins(pi)ro que surge como reforço.
Também gostei muito do já citado "sonhei-te algures por aí"
e do correr ameno do poema até ao descer do pano "na casa do poeta".
o poema de (des)inspiração ao teu jeito. Bj.
Inês, achei (desculpe a palavra, ainda por cima intensificada) inspiradíssimos os versos
se por acaso de luas
ou sintaxes do destino
se abriram outras gavetas
e em tecido
(ou meias pretas)
me surgi.
Gostei imenso!
Já não gosto tanto de "e em sombras vãs, / horas despidas" -- acho que os outros são muitíssimo mais fortes e estes, em comparação, descem de intensidade.
pois, quanto aos segundos versos concordo imenso! acho que a toda a segunda estrofe em relação à primeira desce e piora muito. A minha vontade era cortar o poema em "sonhei-te algures por aí", mas tenho e que lhe pegar outra vez com mais..hmm.. INSPIRAÇAO! :)
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