Arquiduque e imposto imperador ,
aceitaste a coroa a contragosto.
Do poder que te impôs Napoleão
não teve inteira consciência,
e nem mesmo os ricos latifundiários.
Subiu-te o império à cabeça: decidiste
ser todo-poderoso, ser discricionário,
e resolveste ser contrário e cruel:
antagonizar e matar foi o teu programa.
Mas Juárez, atento à desgraça em que caíste,
mandou fuzilar-te assim, algemado,
enfatuado no teu fato
e de sombrero aureolado. E é crível,
sem arrependimento.
Os simples assistiram ao espectáculo
talvez do teu poder horrorizados
e, quem sabe?, contentes de te ver
trespassado da pólvora dos fuzis –
um gigante tornado pigmeu, e nada.
Miramón e Mejia, os generais,
sucumbiram contigo de mão dada,
e nenhum deles era o bom ladrão,
nem Cristo estava por ali à mão.
2 comentários:
José gostei muito deste poema que para além da forma tão bem conseguida como estão encaixados os versos conta de forma perfeita uma história que aprendemos. em particular destaco "decidiste/ser todo-o-poderoso, ser discricionário/e resolveste ser contrário e cruel","os simples assistiram ao espectáculo" "um gigante tornado pigmeu" "e quem sabe?, contentes de te ver".
Abraço
José, gostei imenso do seu poema. Acho que tem um final excelente: essa estrofe com a rima forçada de tão óbvia(ladrão/mão)funciona muito bem!
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