sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Peço-te...amanhã o universo


Auguste Rodin "O beijo"

Peço-te o calmo despertar das nascentes
abrindo as noites de luz
o começar de um rio mais próximo do céu.

A quietude escondida de um limbo desliza
(apesar das nuvens e um mar de tempestade)
sabemos que aguarda a hora inquieta
a batida do tambor o crescente embaraço
de um sentimento doce; cascata de mel;
o zumbido atarefado sem teias nem véu.

Não se veste o desejo de dias cinzentos
(podem ser tristes mas há o sonho)
por isso Peço-te o bater de asas de gaivota
nas cidades imperfeitas - ganha o mar
o berço de um rochedo - a ilha
que te abraça como a única árvore.


Sei do gelo e da janela de um só vidro
a alvorada sem imagens - as gaiolas impróprias
de um jardim de rosas plácidas de aromas
dos poemas sobre um campo de arvoredos
mas há o calor de um ar de orvalhos
as cores divisas de um bosque ao longe
onde se cingem os lábios salinos
e os corpos ímpios e originais.

por isso Peço-te os olhos interditos e os navios
o grito crepitante dos assobios
enquanto passam os ventos -

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