sábado, 15 de agosto de 2009
Não correm ventos e o sumo é fresco
Magritte "Os valores pessoais" 1952
De dia surgiam surpresas incertas
mais ou menos completas
conforme o humor de Verão
no fresco laminar de um copo de fruta
batido nos ritmos de gelos e vidros.
preferia o toque de páginas descoloridas e similares.
os quadros eram o resultado de um quarto fechado e cheio
em cada folha de múltiplas ideias qual filme de lápis
que se apagava e reescrevia em sequencial serrania;
capítulos de enredo de linhas contínuas em trajes bordados
de cidades, caminhos de terras batidas, de mares navegados.
preferia o toque das páginas em papel de seda, de papiro
e as cores breves de antracites nas sebentas
mas nada tão próximo como a luz intermitente
das fases: luas, águas, nuvens em movimento;
um ecrã que atravessa continentes
em passos de légua que tocam as ilhas
as várias tão diferentes vidas.
rolava de novo pratas escondidas no copo verde liso
um sumo agitado de onde sobressaía a manga tropical
o fruto difícil de fibras protegendo o espalmado limbo;
um rosto de cabelos escorridos depois de um sonho
imaginado personagem de um livro.
não correm ventos e o sumo é fresco
e ao longe ondula ainda a temperatura quente
de uma utopia.
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