quarta-feira, 15 de julho de 2009

VIVÊNCIA DOS TEMPOS ( comentário a Miguel Torga)

O Tempo foge-me

louco e desenfreado,

por muito que o queira reter,

tocar, ou agarrar

ou mesmo subtilmente prender...



Por vezes tenho louco desejo

de o encarcerar em mim,

p'ra que não possa fugir-me mais,

para que o possa assim dominar!



Não me restam dúvidas

que o tempo passado me fugiu,

mas tentei que me ensinasse

algo de sublime, ou de muito vital;

procurei ser receptáculo fiel

dos seus melhores ensinamentos,

p'ra que me ajude a agarrar

um Tempo ideal no presente,

p'ra que me ensine a amá-lo

sem desesperança, mas com amor,

e sem quaisquer critérios de submissão!



Nesta interdependência fulcral,

ou nesta amálgama de razoável vivência,

eu sobrevivo, e testo

a tamanha importância do Tempo;

por vezes vejo-me sem alternativa,

acreditando na louca decisão

da procura de um novo Tempo...



Como Miguel Torga em sua "Viagem",

eu assumo fielmente que

"em qualquer aventura, o que importa é partir,

não é chegar!" .

Interrogo-me se na viagem louca do Tempo,

não haverá a mesma percepção (?)

em relação a um Tempo vindouro

que se não pretende adivinhar?!...



Afinal, o mais importante pode ser

recriar ou reinventar um Tempo futuro,

partir para ele sem hesitação,

ou sem qualquer arrependimento,

por certo sem qualquer lamúria,

não importando saber

se o momento-instante do começo,

- quer para o bem, quer para o mal -,

poderá passar algum dia

a um qualquer tempo deserto,

sem chegada e sem qualquer fim?!...



Primordial é o Tempo da coragem,

da realização dos sonhos,

o Tempo do altruísmo e da abnegação,

mesmo que não haja homenagem,

ou um qualquer tipo de condecoração!




(António Luíz, 15-07-2009 )

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