segunda-feira, 20 de abril de 2009

Vladimir

Tenta beijar a mão
fugitiva lesta:
gesto de enfado
a resposta é não.

Procura o cotovelo
menos sorte
no desvio na saída
acerta-lhe de raspão.

"Quem espera sempre alcança"
vai ao ombro
no toque leve
ingénua decisão.

Indiferença nem se vira
gélida fria
arrogante declina
desafina o coração.


Escrevi este pequeno poema depois de ler um livro pequeno ou antes um conto grande
de Turguéniev chamado "Primeiro Amor" em que Vladimir é um jovem personagem.

6 comentários:

Rio disse...

gostei :) e o ritmo é rápido, fogem-nos os olhos para os versos mais abaixo :)

josé ferreira disse...

Sara obrigado! se tiveres oportunidade lê o livro ele tem mais história e os grandes clássicos russos são muito interessantes. Julgo que este conto foi adaptado ao cinema mas já não me lembro do nome.

Bjo

Rio disse...

da literatura russa conheço muito pouco... já li algumas obras de Dostoievski, uma das quais - Crime e Castigo- foi essencial no meu percurso. Tenho uma grande curiosidade de ler mais.

António Pinto de Oliveira (António Luíz) disse...

José: muita bela e com bom rítmo a descrição do contraste ( conflito mínor) entre o amor-desejo e o desinteresse ( "enfado"), o desprezo ("indiferença"), terminando na arrogância, que maltrata o coração. Para tudo é preciso muita sorte!... Parabéns. António

josé ferreira disse...

Sara aqui vão algumas dicas de um admirador da literatura russa. São livros pequenos que naturalmente podes ler em algumas horas livres até na Fnac. Imperdível "O retrato" e "O nariz" de Nikolai Gogol, "Contos" de Tchekov, e quanto ao Dostoyevski "Cadernos do Subterrâneo" e "Sonho de um homem ridículo" pequenos livros e todos os outros "O Jogador" "Humilhados e ofendidos", etc..
Descobri Turguéniev recentemente por isso para além do já citado li
"A estalagem" sobre o qual também publiquei um poema.
Dostoyevski é considerado por Sartre como o iniciador de Existencialismo e todos estes escritores influenciaram vários contemporâneos em todas as áreas, música pintura poesia.
Era uma cultura muito rica surpreendente se considerarmos que Gogol já festejou os 200 anos.
Não falei de Tolstoy que contrariamente aos outros conheceu em vida o reconhecimento com publicações que chegaram a atingir a centena de milhar no início do Séc. XX.
Se puderes lê aqueles mais pequenos vão concerteza ser reveladores da grande riqueza destes escritores!

Bjo

josé ferreira disse...

António Obrigado!É curioso que deste escritor encontrei o livro encadernado numa capa plástica julgo que da editora "Ulisseia" ao fim de 20 anos e depois de ler os dois contos escrevi dois poemas sobre eles. Se calhar aguardou o livro pacientemente na estante até que eu fosse invadido pelos ventos
da "poiesis"!

Abraço