céu da boca no escuro
assobia para o futuro
comprometido véu
retrocede à voz
melhor não cantar
nada vai passar
olhar no chão desligado
esconde o fado findo
não vá bater no muro
travão do destino
melhor não cantar
nada leva a saltar
assobios arremasados
pedras ensimesmadas
no muro com um pé direito
de ruínas de altura,
rebatendo-se
na ternura da chuva
última voz do destino
refeito
em curvas revestidas
a ecos de
ondas
dentro das tuas luvas
onde sem demora morro,
mora o som
afogado
onde é
melhor não cantar
2 comentários:
António, meu caro
Se ao céu-da-boca se recusa o som do canto, muitas vezes com espanto, dele se vêem sair poemas, como este, cheios de luar, que chegam assim para empurrar a escuridão.
Ou seja,
gostei tanto!
António voltaste e com um estilo que me soou de forma diferente mas original. Gostei em especial de" últimas voz do destino refeito em curvas revestidas a ecos de ondas dentro das tuas luvas".
Ainda bem resolveste trazer ao blogue diversidade da tua visão única.
Abraço e Parabéns
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