Não é por isso que escrevo
pelos teus olhos doces
é pouco
pelos mimos nos teus lábios
de sorrisos aos meus hinos
e ensaios de assobios
não é por isso.
Sabes que gosto da surpresa
do toque no ombro esquerdo
e do beijo que me espera
no oposto tão perfeito.
Mas não é por isso que escrevo
o poema líquido e puro
num harpejo de candura.
Não é por isso
que se solta a penugem
alta e baixa na brisa
branca e lenta
em círculos de mariposa
sobre as folhas
peso leve
harmonia e suave movimento.
Encostas por vezes o queixo
sopras
no meu corpo de costas
a estrofe mágica
um segredo
mas não é por isso
só por isso o desvario:
isso tanto e isso tudo
que desejo.
Por ti escrevo a sombra no sol
naquela luz que vem de dentro
(células rosa em dança viva)
que me invade e hilaria
na graça dos teus braços
maré cheia.
E ainda é mais do que isso
porque escrevo:
preciso de inventar outra forma de dizer
mais do que existe
e me aproxima dentro de ti
de viver no Paraíso.
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