Hoje fui com uns poucos (Liliana, Elza, Nuno e Raquel) ao café progresso, ouvir declamação de poesia de Jorge de Sena. Fomos brindados com uma hora de atraso e uma introdução googleana à poesia do dito autor. Quando eu pensei que não podia piorar, ouço uma voz orgástica a declamar - diria melhor, a esfrangalhar - um poema. A pachorra não aguentou e pouco depois viemo-nos embora.
Falo disto aqui agora e aqui porque já não é a primeira vez que vou a este tipo de tertúlias e encontro, da parte de quem declama, uma certa pedantice de pseudo intelectual que me dá uma certa urticária. Como se se julgassem o centro do mundo, a classe pensante da sociedade.
Nestes momentos, vem-me à memória o que uma vez alguém me disse: que aqueles que escrevem sem terem qualquer tipo de formação superior na área da Literatura acabam tornando-se mais humildes, escudando-se assim da sua (suposta) ignorância. Como todas as generalizações, contém a sua margem de erro e espaço para excepções (a Ana, por exemplo). E dei por mim a agradecer baixinho, no meio dos berros da personagem, o ter-vos conhecido. Porque somos humildes, despretensiosos, sem malícia ou falsos pudores; porque temos a coragem de mostrar a nossa intimidade na poesia e a boa vontade de criticar o trabalho dos outros. no fundo, por sermos pessoas com um enorme respeito e amor à poesia, um amor simples, que não se reveste de trejeitos ou cigarros de angulo recto na mão.
Um bem haja a nós, companheiros de viagem, de descobrimento, de partilha.
5 comentários:
Olá Sara, vá lá não estejas tão zangada que a poesia é suposto fazer-nos descontrair um pouco, eheh... Percebo a tua inquietação (a apresentação foi de facto muiiito extensa e do pouco que ouvi, sim, houve quem declamasse melhor e pior...) Também concordo com o facto de que algumas vezes a suposta intelectualidade não esconde mais do que um coração pequeno e vaidoso incapaz de alargar os horizontes no mundo que é tão vasto. (O mundo é muito maior do que o Porto, as suas ruas, as suas poesias... Atenção, mesmo assim, grito viva ao Porto! Não o futebol, mas a cidade antiga, muy nobre, sempre leal e invicta!) Mas também há pessoas de muito valor e às vezes um pouquinho de vaidade enfeita os dias cinzentos, não achas? Há que ser positivo. Eu gostei da experiência, mas sobretudo, apesar de ter saido antes do final porque teve mesmo que ser, gostei de ver o Nuno a tocar saxofone! Muito bem! E espero ouvi-lo mais vezes! E também, quem sabe, ao som das poesias do nosso mar de azeite!
Ah, esqueceste de mencionar a presença de uma outra companhia que tivemos! Com certeza o melhor poema que a Raquel já fez, o Pedro! Que ele venha mais vezes sem tanto sono!
sim, acabas por ter razão. eu tenho sempre tendência a ser muito exigente, o que me faz por vezes não ver as partes boas que estejam debaixo do entulho.
um bocadinho de vaidade faz bem, pois claro. e sei que o que disse é uma generalização (como todas, grosseira). o que também me parece comum fazer, porque, infelizmente, aqui como em muitas situações (ex, a praxe) quem é notado são os barulhentos, nem precisam de estar em maior número.
por exemplo no gato vadio já ouvi declamações lindíssimas :)
e tenho um orgulho imenso em ser portuense :)
beijo
ps o poema da raquel é a coisa mais fofinha... só me dava vontade de rir, ver a raquel toda atrapalhada com o pedro a dormir e a estrebuchar.
que máximo :D
A noite de ontem foi a melhor parte do meu dia. E sim, aquele meu poema é lindo, se bem que muito novo para estas tertúlias. O serão foi excelente pela Sara, o Nuno, a Liliana, a Elza e o Jorge de Sena (que vim ler para casa). Obrigada a todos.
R
Eu tinha solenes intenções de ir, mas pelos visto “só” perdi a arte do Nuno
> Nuno a tocar saxofone! Muito bem! E espero ouvi-lo mais vezes!
Pois eu também gostava. Nuno, onde é a próxima actuação ?
Adorei a epopeia de ver vestir o casaco ao ruivo Pedro adormecido. Foi muito divertido.
Foi muito bom reencontrar os poetas da nossa oficina :)
Parabéns Nuno pela música!
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