Tlim-Tlão!
Bigorna metálica, ferraduras virgens em brasa
nos bicos de uma tenaz, atiçando o martelo
que sobe e desce cravando tachas
em golpes largos de mão!
Sinusóide de períodos, vermelhos, laranjas
verdes; semáforos de emoções, alteando
faúlhas míopes nos fumos da extinção...
retomando os pequenos espaços incertos
nessas máculas de ferros machos
que pisam, marcam... e femininos
abrem arcos, esticam as cordas das setas
dos meninos nus, espaçando ventos
nas pressas da direcção!
Tlim-Tlão!
Cavalos alados de crinas à solta
nas oficinas dos infernos, dos paraísos
dos intermédios destinos, cavalgando à vez
musselines de sonhos, quentes mercúrios!
Sobe o martelo segue a canção:
Tlim-Tlão!
esmagando os vazios avaros sentidos,
determinativos desfechos sem reticências,
silogismos, lógicas gregas sem dedução...
pílulas àureas entre dentes brancos,
barrigas ocas sem voltas torcidas,
sem tremores, Himalaias de limites...Não!
Tlim-Tlão!
Nós sim, colunas de pedras gastas, usadas,
rugas paralelas das viagens,
moldados de magmas, de lavas, dos raios
das tempestades,ressarcindo dos cílicios
das paixões, sobreviventes, navegantes,
das Atlântidas perdidas, abrindo
as guelras das pulsões...
de olhos imersos de peitos abertos
aos suplícios dos martelos
em luta, desafio...revolução!
Tlim-Tlão!
1 comentário:
Gostei muitíssimo deste "Quentes mercúrios" pela força da linguagem, tão ao gosto do pessoano Álvaro de Campos.
Prendeu-me essa espécie de refrão «Tlim-Tlão» a sugerir, tão expressivamente, o cadenciado bater do martelo na bigorna da vida, numa belíssima ligação com o final de cada estrofe, uma «...luta, desafio...revolução / Tlim-Tlão!».
Parabéns pelo excelente texto e pela partilha generosa.
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