Trago apenas palavras semeadas nestes versos
São estruturas faladas por dentro do carmesim
Com que tu pintas a vida e constróis os universos
Da tristeza ou da alegria com que tu passas por mim.
As palavras são tão simples como os gestos que te vi,
Mas a vida que viveram renasce a todo o momento
Na bonança e no tormento do mar do conhecimento
Que em ti se constitui e que longe eu descobri.
As palavras que dormiam sonhando no dicionário
São as mesmas que te trago, agora despenteadas
Porém já bem acordadas para outro abecedário
E certas do que sonharam trazem novas caminhadas
De terras desconhecidas, universos encantados
Que os ventos lhes legaram lá no sul e lá no norte:
E são histórias de encantar as vidas desencantadas
E são sonho e são vida para combater a morte.
Trago palavras avulsas que de tão inusitadas
Tecem teias e toalhas e lenços de puro linho
Em que se inscrevem as vozes e o puro desalinho
(riso e choro e sentimento, e emoção magoada).
Em pensamento claro, em linguagem lavada,
Trago palavras em fio para teceres a meada.
2008.10.31
José Almeida da Silva
3 comentários:
Um poema de descoberta calma, de encontros de palavras em versos soltos desfiados com mestria em pensamentos claros acordando as "palavras" soltas "que dormiam sonhando no abecedário".
Parabéns!
Palavras "que sonham", palavras "despenteadas", palavras "em fio para teceres a meada"...
Gostei imenso desta viagem encantada que fizeram as suas palavras, desde o dicionário, das suas mãos e pensamentos, até alguém especial a quem as deixou para, quem sabe, outras histórias nos contar...
Gostei muito, mesmo muito, das suas "Palavras", Zé!
Aliás gosto muito de todas as suas "Palavras", das que dormem e sonham, das despenteadas, das tecidas em meadas, das repassadas de saudade ou, de amor! E, o mesmo é dizer que gosto muito da sua Poesia!
M.C.
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