domingo, 28 de setembro de 2008

A propósito das sessões…

nota prévia – a propósito das sessões que vamos tendo, lembrei-me que poderia ser interessante criarmos um espaço aqui no blogue onde pudéssemos escrever comentários… ou seja, continuar, de outra forma, a debater algumas das questões abordadas nas sessões…

Sendo assim, aqui vai…

Olá... Foi bom estar na nossa primeira sessão. Para mim que não sou da área de letras e sentindo-me apenas um simples curioso "desta coisa linda que é juntar palavras"... foi como um carregar no "pause" e partir para uma nova dimensão da qual eu gosto muito.
Posto isto, durante a sessão dei comigo a pensar uma série de coisas que acabei por não expressar...
Ia guardar para a próxima sessão mas ao ler o que a nossa formadora escreveu, pensei... e por que não agora, com palavras escritas?...
Depois podemos (ou não) voltar a pegar neste assunto...

E o que fui pensando tem muito a ver com isto que Ana Luísa escreveu...

"a palavra pode ser, ao mesmo tempo, instrumento de coerção e de liberdade"... acredito mesmo nisto, sobretudo que escrever é um acto de liberdade, que pode respeitar regras ou ser completamente anárquico, que pode ser feito por alguém que esteja muito satisfeito com a vida... ou que esteja muito insatisfeito... que pode ser para denunciar, desabafar ou simplesmente... porque sim... sem razão para ser o que é...

Sendo assim, algumas das coisas que fomos dizendo na sessão não terão procurado explicar o que não tem de ter explicação (são apenas opiniões)?... e, por outro lado, não teremos nós uma necessidade intrínseca de rotular?... o poeta tem de ser isto ou aquilo, para se escrever bem é preciso isto e mais aquilo...

Será errado pensar-se em poesia como um acto de liberdade, totalmente anárquico, sem necessidade de ter regras, explicações ou razões para ser o que é?...

Como eu gosto de Fernando Pessoa!...

"Não tenho ambições nem desejos.
ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sózinho."

Nuno CA

5 comentários:

Teresa Almeida Pinto disse...

Caro Nuno, acho boa ideia esta de termos um espaço de discussão paralelo, à discussão dos trabalhos “oficias” do workshop. Até porque me parece que ter sido (também) essa a razão pela qual a Ana Luísa nos sugeriu um blog.

Em relação ao texto começo por comentar esta frase “escrever (..) pode ser feito por alguém que esteja muito satisfeito com a vida... ou que esteja muito insatisfeito”.

Acho (mais outras das minhas opiniões empíricas), que poesia é algo que só pode ser produzido por alguém em situação de extremos: muito satisfeito, muito insatisfeito, muito isto, nada aquilo e por aí fora.

Não imagino a poesia como algo produzido em estado morno, fusão a baixa temperatura. Acho que é algo que nasce em situações de extremo, onde o equilíbrio é frágil e se pode transformar rapidamente.
Foi referido na 1ª sessão e concordo, que poeta é um ser de paixão, insatisfeito por natureza. Digo eu que não sou poetisa. Talvez a Ana Luísa nos possa esclarecer ;)

Comentário final ao poema do Pessoa :
“ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho”

E o esforço de estar sozinho é similar ao de ser poeta ?

Nuno Brito disse...

caro nuno homónimo e Teresa não posso concordar mais - A poesia só acontece em situações de extremos
A poesia é o extremo - pode ser manifestada num nascimento de uma criança ou na erupção de um vulcão - Vivemos tempos com alterações profundas em vários domínios que como qualquer tempo de dmudança, constituí um estimulo à imaginação - temos ainda todo um passado literário e histórico sob o qual temos obrigação de olhar, aproveitar, aperfeiçoar, actualizar, refutar...

Até quarta saudações poéticas

auxília disse...

olá nuno,
quando li o seu texto, o seu pensar em voz alta (ou em escrita silenciosa), lembrei-ma de imediato de uma questão que, repetidamente, os alunos (15, 16 anos) colocam sempre que lemos e analisamos um texto poético, em aula: «mas o poeta "pensou" em tudo isso, quando escreveu?!» e este «isso» é enorme! são os sentimentos, os fingimentos, os jogos de linguagem, os malabarismos de estilo... tudo o que dá corpo ao poema.
efectivamente, não é necessário tecer muitas considerações, nem encontrar muitas justificações para o que motivou o poeta/o poema. ele existe e o simples facto de existir é inquestionável.

"Não tenho ambições nem desejos./
Ser poeta não é uma ambição minha./
É a minha maneira de estar sózinho." - é o Pessoa/Caeiro com toda a sua irreverência diante do convencional.

quanto ao esforço de estar sozinho, de que fala a teresa, não sei se é de colocar no mesmo patamar do de ser poeta. aliás, também não sei se ser poeta exige esforço... ou se é, ou não se é. eu, decididamente não sou, mas sinto um prazer enorme pela poesia e, para isso não há registo de qualquer tipo de esforço. o que pensará a ana luisa de tudo isto?...

aprender e ensinar poesia... a propósito, deixo fragmentos do poema "Lição":

«É no verão que se aprende a poesia,
disseste; e em cada um dos verões que a vida
nos traz, em que se aprende e desaprende
o mais certo, entre o amor e a morte,
que cada um tem de saber. (...)
Abro contigo o livro
branco de todos os lugares e de todos
os nomes: o livro de poesia, aprendida
com o desfolhar dos verões, enquanto
as mães se despedem da vida, e uma baça
adolescência se confunde com a névoa
de agosto. (...)

nuno júdice

boa noite. até quarta.

Ana Luísa Amaral disse...

adorei esta discussão. assisto. com imenso prazer

Rio disse...

nao sei como começar, então passo ao que interessa:

achei a "aula" que tivemos muito interessante e soube muito bem conhecer tanta gente com a mesma paixão que eu. mas senti que se perdeu demasiado tempo a discutir coisas às coisas ninguém tem resposta. Atenção! Não estou a dizer que é inútil debatê-las, apenas questiono o espaço e o tempo; porque temos tão poucas sessões que deveríamos aproveitá-las ao máximo noutro sentido. a discussão que tivemos lá podemos tê-la, como se vê, na blogosfera, num café. num qualquer encontro de vontades.

o que é o Poeta? quais as condições necessárias à criação poética? são perguntas de debate infinito e às quais nunca teremos resposta. ainda bem que assim é: cada pessoa é um mundo e não temos de reduzir-nos todos a um só.

abraço

sara (rio)