O vagar do que dizia soava ao escorrer do azeite, no lagar da
ainda aldeia. No entanto, não morrera ele no chão, onde caíram as azeitonas
deixadas. As que não se apanharam deram-se à terra. E ele ficou, com quem
ficou, mas foi como azeite entornado fora de prato. Aceitou, mesmo depois de
entender, até ao fim. É isso o que mais lamento.
Quase incógnito, impotente, como tantas mulheres de todos os
tempos, e na inversão de papéis, mesmo assim, quando disse que não, foi não.
Essas poucas ocasiões foram poucas demais, mas há quem se lembre.
Os tempos de hoje são parecidos aos dele em muitos lugares, é
isso que me surpreende muitas vezes.
E se tudo pode mudar, deu o aviso, o que não muda. E o vagar
do que dizia soa ainda como azeite, verde, velho, sensato, e a tempo, mesmo que
ele morto. Morreu fora de casa e fora de terra. No entanto, ironicamente, ficou
a esperança nesse aviso, e também tanto a agradecer.
Anabela Couto Brasinha
Sem comentários:
Enviar um comentário