Há uma aurora boreal nos meus olhos
Enquanto arrumo as estrelas apertadas na mala
(para caberem muitas)
O manto quente transparente que nos cobre
Camada de pele invisível e nua
A que protege as partículas leves do sorriso
Cheias de pequenos espaços vazios
Como nas folhas clorofila com beijos do sol.
Guardo duas ou três nuvens cinzentas e grandes
(afinal chorar é preciso)
Lavar a terra para novas sementes brotarem enfim
Anular o pó invisível do desencanto
Um raio de luz espreita na frincha da mala cheia
(é a luz das estrelas)
O sol disfarçado atrás da lua bem no fundo
(como nas noites cheias e redondas)
A gravidez do globo terrestre redonda e azul
A solidez das árvores a acompanhar a viagem
Ramos nus como um esqueleto a fitar o céu
A raiz profunda a tocar o centro da terra
Do mundo interno do ser em rotação sobre si
A linha paralela até ao universo de luz
Onde cabe o tempo, o espaço e a minha mala cheia de estrelas.
Uma nova viagem começa.
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