Fui sozinha
Ao decalcar o céu, reconheci-me
estrela de ósseas pontas, despojada de luz
O meu corpo recusava a força
de ser fósforo, caía sem lume na vegetação
e só roçava o chão das eiras, sabendo-o fruste
Caminhei pela manhã, a cada dia
entumecendo a paz em redor do túmulo
(trazia-o junto ao peito, o pequeno
ossário de um pássaro no granito)
Ao passar pelos acampamentos invejava
às tendas a prontidão para a elipse,
sem violência resumia os movimentos
do corpo
Dormi em albergues e estábulos
onde um cavalo ou uma peregrina muito velha
tinham morrido
Aprendi a descansar no perecível feno,
junto ao íntimo esterco dos outros
Não sustive a respiração
Andreia C. Faria
4 comentários:
Bem vinda! Belo texto.
Olá Andreia
Seja muito bem vinda a este espaço de múltiplas poesias.
Gostei muito do poema onde o caminho se faz de metáforas e aponta realidades no subtil final "Não sustive a respiração".
Olá Andreia. Tal como os colegas renovo os votos de boas vindas. Gosto muito dos teus poemas, neste em particular quase que me vi pelos caminhos de Santiago imerso em sensações vindo do teu poema.
A casa é tua:)
Abraço
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