segunda-feira, 12 de setembro de 2011

para que os peixes saibam (porque os peixes também andam no mar)


Duartte (retirada daqui)


nunca por nunca de qualquer modo
quis pálpebras tristes janelas fechadas
sem asas sem aves sem árvores.
corro.corro. junto ao jardim da buganvília
à fonte da boca d'água e cara de teatro.
desço.desço. a rua inclinada
até à margem só de madrugada
de orvalho sem vivalma. e grito. grito.
para que todos os peixes saibam
que nunca. nunca por nunca
quis teus olhos tristes
os braços como espadas
os ombros altos de muralhas
e os lábios a sete chaves
sem o sopro das palavras.

José Ferreira 26 Abril 2010

1 comentário:

raquel patriarca disse...

José, gostei muito muito deste teu poema. é diferente, com um embalo especial. obrigada!