domingo, 18 de setembro de 2011

daqui são dois pés
de substâncias amedrontadas
seguem-se de pequenos
não de sustentarem agudos de gaivotas
a chamar a sombra dos chapéus antigos
às mesmas paredes
mais o quê
não há mais água
a água lembra-se de toda a água que já foi
até voltar a ser-nos
(ouvi o mar ter conversas estranhas com a água dentro de mim
à janela redonda do décimo andar de um navio)
estou envolvida com outra coisa
se é um bicho sozinho no universo
no instante de uma cereja
a imaginar
para passar de me cair
(nem vazios que saibam coser)
caio-me mais do que me quero
onde só precisávamos de ver o chão
muito antes do tempo de dois pés

1 comentário:

josé ferreira disse...

Joana, gostei muito do poema e destaco "a água lembra-se de toda a água que já foi até voltar a ser-nos" e "ouvi o mar ter conversas estranhas com a água dentro de mim à janela redonda do décimo andar de um navio".