sexta-feira, 11 de março de 2011
A carta de Amélie
josé ferreira
a irrealidade quotidiana adormeceu os sentidos.
nas pontas dos dedos os restos da notícia.
partiste.
escureceu o dia na caligrafia azul das palavras.
a assinatura única. a última carta.
silêncio.
o sono profundo do sonho.
a irrealidade quotidiana adormeceu os sentidos.
um campo de papoilas vermelhas
não é costume na cidade.
não há glícinias.
as magnólias exibem a inexistência de folhas.
o jardim permanece inerte no sossego dos gatos.
a carta. a carta um fogo aceso de palavras.
mas não existes. não és realidade.
a irrealidade quotidiana adormeceu os sentidos.
os olhos são quadrados. um quadro de Picasso.
as cores oscilam num caleidoscópio azul lilás.
imagens tremidas nas pontas agudas dos ângulos.
partiste.
relâmpagos de tontura.
seis meses de distância Amélie.
o perfume das letras e o quadro de Monet
são um refúgio frágil do desejo.
conto os dias -
José Ferreira 10 Março 2011
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1 comentário:
Olá José,
Bela, esta
que não será a "última carta",
julgo estar certa que nos darás
mais "da irrealidade quotidiana",
mais cores, sempre mais cores,
"o perfume das letras e o quadro de Monet".
Abraço
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