sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Tempo


Fotografia retirada da internet

Tracei a linha por onde caminhara
E no fim o abismo –
Apaguei a luz e acendi estrelas,
Sentei-me a pintá-las no vazio –
Ilusório balão de oxigénio –
Então o horizonte era um intenso frio.

O tempo não é como a primavera. Faz a sua viagem
Sem retorno, e eu vou com ele, ainda que não queira.
Vou de mão dada contra o medo –

Move-se o fantasma viajante diante do abismo.
Acordo nesse instante em vigoroso tiquetaque
E acendo a luz do quarto. Não há ninguém por perto.

– A morte é uma ilha no deserto que terei de descobrir
Sozinho e a seu tempo –

2010.10.27
José Almeida da Silva

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