sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
apaga o mais lentamente que puderes
Annie Leibovitz "Petra"
apaga o mais lentamente que puderes aquela luz acesa
como se não fosse filamento e antes a ondulante chama.
vem com a tua mão mais invisível e segura sem ruído o clic.
deixa imersa no quarto a grande sombra, a mãe de todas as sombras
porque o escuro guarda todas as possibilidades do branco.
vem com a palma totalmente aberta, as duas palmas totalmente abertas
vem sobre a febre do rosto e sente
um manto morno de palavras a assumirem os pulsos
a subirem os braços, a fecharem os ouvidos depois de entrarem.
permanece na ardência que não queima
mas é mais grave -
permanece como um grande mar, no escuro
nas três curvas de um búzio;
ondas, ondas, ondas e espuma -
segura com força os ponteiros.
sinto-me bem. sinto-me bem.
não deixes avançar o tempo -
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1 comentário:
José,
que poema para um final de ano tão conturbado.
Agarremos a esperança, que ainda é tempo.
feliz 2011.
bj
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