quinta-feira, 4 de novembro de 2010
porque negas?
Salvador Dali
procurar a consistência na paisagem informe e negra
não traz equilíbrio no vértice da pirâmide.
porque negas o instante, a substância
o lugar ocupado do rio que desce consciente
pela encosta que a nascente desconhece?
porque negas a adição de transcendência
a cor branca, a cor verde, a cor laranja
uma a uma, e todas em uma
como genética de nova nuvem, via láctea, nebulosa?
porque negas o sonho e o tempo
a taça néctar de uma próxima época
inscrita no raio luminoso, no oceano de luz
sem a discrepância real, sem onírico?
porque negas a imprudência do trovão
como prédio alto ou deserto de silêncio
e não só e apenas como lugar indeciso
no compromisso?
porque negas a impressão digital
no limiar do inseparável
na pele porosa da distância?
porque negas?
porque negas o reencontro de uma seda intecida?
porque negas o fio frágil ?
porque negas a alma?
porque negas o sentimento?
porque negas?
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