terça-feira, 18 de maio de 2010

Für Elisa




A repartição repartia processos de Kafka
Omnipresente de ruas douradas de Praga
Sem ser praga em viagem de searas;
Que não havia nem espigas nem voagens
Apenas uma minúscula formiga ou seria bicho?

No mesmo banco na altura indevida de um ouvido
Em roupagens de um vestido ; flores de poliamida
A música, os acordes de Für Elisa
Audível, audível .

No teclado dos dedos seguia na aurora neuronal
As claves andantes, as notas brancas, as sustenidas
Que não são tantas mas sobressaem no piano.

Tan taran tan tan taria a an. Taria a an. Taria a an -
Tan taran tan tan taria a an. Taria a an. Taria a an -


Como no interior original de um autista
A neblina, a nebulosa, um fumo de nuvem
Os marfins fugitivos, o corpo inclina
A cabeça sublima a sublime melodia;
O som dos sons tão colorido: o azul
O fuchsia magenta violeta e o verde rio.

Tan taran tan tan taria a an. Taria a an. Taria a an –
Tan taran tan tan taria a an. Taria a an. Taria a an -

A repartição repartia os lugares disponíveis.
De Kafka: metamorfose de lagartas
A crescer de borboletas.
Número trinta e três. Número trinta e três.
Só dois ouvintes no estampido de processos.
As folhas inflamadas caem duas de cada vez
Número trinta e três.

Os vidros reflectiam a voz do funcionário
Mas de olhos fechados a alma voava;
O maldito gafanhoto na seara.
O leve toque na palma onde o papel amarrotado.
Desculpe. Chamam. Por acaso –

Não não.Obrigado. o meu é trinta e quatro –

Tan taran tan tan taria a an. Taria a an. Taria a an-
Tan taran tan tan taria a an. Taria a an. Taria a an-
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