domingo, 25 de abril de 2010
liberdade
Salvador Dali
álvaro escrevo-te hoje para agradecer
aquela carta de caligrafia tão delicada.
não se usa escrever já asssim as frases.
cortam-se as palavras nas pressas de internet.
apreciei que dissesses que me amavas
e que levasses cinquenta linhas e dez parágrafos
até que tomasse a devida nota que não sonhei
não foi por acaso aquela mão no ombro
e o beijo na face deslocado quase no canto
no canto dos lábios.
álvaro chega por volta das sete, sete e um quarto
e traz a espingarda - como bem sabes é metáfora
que gosto de todos os animais até da víbora
e não gosto de caça. matas-me e eu mato-te
quando chegares.
álvaro traz a mala verde e três mudas de roupa branca
t-shirts calças de ganga as botas fortes de borracha
dois chapéus de palha e uma enxada.ah! e não te esqueças
álvaro três diários.
álvaro vamos para o campo
só voltamos daqui a dois anos -
maria -
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