terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O Grande Arquitecto

Agora lembrei-me do Hélder e das suas mãos compridas,
que mais pareciam azeite e tempestade de areia fina, agora lembrei-me que o Atlântico estava sempre dele em redemoinho e o sugava para dentro concêntricamente até, um limite Negro, (Lembrei-me da sua forma inclinada – com que fazia tudo, como se estivesse a rezar: lembrei-me de nos seus olhos ver vários pinguins e atirarem-se para coisa nada, o fundo do lago, da alma, o vazio de um armazém, um raciocínio rápido – Como guardava a Foz do Rio com Mahler nos ouvidos – Como lhe corria uma rio na coluna cheio de seixos finos. Vi também uma tempestade de açúcar em todos os portos do seus pulmões aguados, cheios de serradura e cascalho no fundo - Os nós que Fazia dentro de tudo: O seu hálito virado a norte, agora lembrei-me que a amizade é de todos os arquitectos, o mais forte.




Nuno Brito

2 comentários:

Joana Espain disse...

Tive um interessante momento de descanso à pouco. Antes meta(fora)...
Nem me fales dessas mãos, conheci-as melhor há pouco. Nem o messias do Gusmão o salva...São mãos vermelhas de matéria animal que nos querem de olhos abertos enquanto nos arrancam o cérebro. E depois são cérebro. Como é que venceste o poema animal?

Continuo? Têm que ser menos de cada vez,

Joana Espain disse...

Ou então era outro Hélder