quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Seres
não sabia a cor do teu mar.
encontrei sedas como um cego.
sobressaía a lisura que era a tua.
a impressão digital no tamanho dos dedos
tocados de tão leve que mesmo não tocados
soavam harpas e sons doces, sábios. éramos
cegos e internos como náufragos de uma branca tempestade.
unos e abstractos de todos os outros lugares.
não sabia a altura das tuas ondas.
encontrei um desenho de gaivota na forma dos teus lábios
como um cego,
e um sabor a mel de madressilva de mãos em arco
os pés juntinhos.
as gaivotas dos desenhos encontraram as minhas
em alquimia. um bater de asas em sintonia
e um sentido vibrante entre a lua reflectida
e as ondas que ora próximas ora recolhidas
eram tão altas e eu não sabia.
não sabia das boas lágrimas de sal, da maresia
dissolvido ao som dos búzios
como um cego
na hipérbole de um céu
e ser por um segundo deus
e seres -
e ser... e seres...
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