quinta-feira, 25 de junho de 2009

Um cardume de cabeças

Concerteza a noite na imensidâo
de santos populares. Muitos, são muitos
debicando broas e sardinhas
engolindo ruídos, saboreando as notas
de um concerto de Villa Lobos
na praça do cogumelo gigante
cimento branco...

Antes era as Fontainhas (no lugar assassinado
de uma ponte) e as barracas, carroceis
farturas, desacatos e cadeiras circulares
na roda giratória de um enxame de gritos.

O fogo de artifício junto ao muro, beiral do rio
um cardume de cabeças,olhos brilhantes
os lábios abertos de espantos.

Passos lentos até ao "Cristal" destruído
o palácio inexistente. O final destino
nas tílias da Rotunda.

No caminho inverso barulhos breves
os pés mais arrastados, o suporte
de relvas em desalinho na Avenida.
Comprava sempre o "Notícias", na madrugada
onde se lia as quadras, as melhores
a premiada.

Na noite de S. João até aos nossos dias
permanece a memória e a poesia.

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