A porcelana fina torna-se translúcida
na chávena oriental de cor ilíquida.
O eclipse de contraluz deslinda o invisível
rosto comprimido fundo de laterais decorativos
onde surgem precisas fortes as imemoriais tintas
e a leveza autêntica de porcelana da China.
É rodeio esta prosa este desmontar de restos
de caramelo um encosto aspirante de silêncio
após a transferência no fumo de ervas presas
condensados vapores inéditos das essências.
Se se teima outra vez a posição inicial
e se eleva a delicada asa junto ao lábio
de novo o intermédio a pausa o sabor
que passa além da linha de um olhar e
pousa no incómodo de não ter mais
onde colocar os dedos a não ser ressaltos
de superfície ainda quente ainda morna
agora fria.
No previsto fim de nascente no bule é então
o momento que se inicia de frases incompletas
que exigem companhia esclarecimento e ainda
uma outra harmonia tangida na distância
de memórias que aproximam esta outra aquela
de girândola sem intervalos como onda
milidispersa de gotas na rótulas dos joelhos
ou cedendo sem destino areias lisas e castelos
difusos entre espumas.
Qual a razão do rosto na ideia milenar?
Talvez o entendimento uma irmandade cheia
lunar que se estende no rubor ténue
nas asas das porcelanas voar de aromas
no ilustrado quadro do diálogo de faces
efectiva sensitiva translúcida sintonia.
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